segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os ensinamentos da dor

Os ensinamentos da dor, nos recusamos ao máximo de compreendê-los e principalmente fazê-los reais em nossa vida. É muito fácil dizer que precisamos errar para aprender, somos mestres especialistas em aconselhar isso aos amigos, em estender as nossas mãos quando eles estão caídos no chão de mais uma derrota. Ah, mas quando a dor bate na porta, somos mestre especialistas phD e gran mestres em fugir, por mais que dores sejam inevitáveis, agimos da mesma forma quando na infância ralávamos os joelhos, depois de uma queda. Vemos o sangue escorrendo, a dor latejante da pele escoriada, aí então saiamos correndo, fugindo da hora do banho, porque naquela hora a dor vai ser dilacerante. Ainda mais quando reconhecemos que na ferida há sujeira e só uma escova e sabão irão resolver o problema.
Semelhantemente as dores da alma são dessa forma. Ninguém chega e te dá um manual de instruções, nem os livros de auto ajuda ousam falar sobre isso, todos querem falar apenas sobre o lado bom da vida. Eu tenho o lado bom da minha vida, porém, tenho minhas dores. Não sou e nem tampouco prego a vida maravilhosa com pássaros cantando felizes na minha janela, não prego a vida do super herói que nunca se machuca, apesar que até o super homem tem seu ponto fraco, uma kriptonita ou como disse o apóstolo Paulo, um espinho na carne.
Somos bons demais em admitir nossas virtudes, em escancará-las na janela, mas tão miseráveis em admitir verdadeiramente que somos miseráveis, com nossas dores lacerantes, com cicatrizes espalhadas pelo corpo, pela alma, até mesmo na razão e no entendimento. O que é a plenitude da vida sem o sofrer que precede o momentâneo bem estar? Somos remadores do último porão do barco (I Coríntios 4:9), ou será que a tua bíblia perdeu essa parte? Se não temos dores, não procuramos a cura, e ao não procurar a cura nos conformamos com nossas posições, com nossos dias sempre iguais.
Não queremos nos expôr ao sofrimento, muito menos ao doloroso processo de lavar as feridas. Você não querer chorar lágrimas que parecem que ao cair arrancam todas as suas certezas. Você não quer admitir que muitas das dores que você deixou doer no passado, hoje se mostram necessárias para a sua evolução (revolução?). Ninguém quer no fundo aprender com a sua própria dor, é mais cômodo ser platéia das dores alheias. Ler sobre, opinar sobre, nunca viver com.
Como estudante de medicina vejo muitos procedimentos que são necessários para salvar a vida das pessoas, porém, ao imaginar tudo aquilo sendo feito em mim, faço cara feia. Da mesma forma são as dores que sentimos, os procedimentos que passamos para curá-las, talvez trarão por mais algum tempo dor, porque tudo que começa a curar inevitavelmente vai doer a princípio. Antes doer, do que ser um leproso que de tão doente não consegue sentir as suas dores, que além de não doerem consomem sua carne.
Sou da apologia da dor e da Cruz. Sou também daquela que acredita nas coisas pequenas, que ama o entardecer da janela do seu quarto, que quer viver a plenitude de uma vida feliz e segura, porém, preciso reconhecer o valor das dores, por mais complicado, tenso, punk ou qualquer outro adjetivo que queira usar, que seja.



Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard
I'm going back to the start

Nenhum comentário:

Postar um comentário