terça-feira, 9 de abril de 2013

Em tempos de marchas para Jesus




"O nosso general é Cristo, seguimos os seus passos, nenhum inimigo nos resistirá"


    Lembro como se fosse hoje o quanto eu gostava de cantar essa música na infância e fazer os seus gestos. E hoje escutando ela, estava eu aqui fazendo a coreografia, foi cômico. Mas não tô aqui para comprovar minhas faltas de aptidão quanto a coreografias, sim para falar sobre um assunto que muito me incomoda, as Marchas pra Jesus.
    Sim, irmãozinhos, eu sou contra, mas respeito você que vai na Marcha, que usa aquelas faixas com glitter falando que DEUS É FIEL ou que JESUS É SENHOR. Se essa é uma das suas formas de demonstrar o amor de Cristo, olha eu dando joinha pra você (Y). Porém, foi isso que Cristo nos deixou como sendo a grande comissão? É dessa forma que proclamamos o Reino dos Céus na Terra? Subir nos telhados agora é assim? Aí já vejo o irmãozinho do faice, aquele coisa pouca de chato, que compartilha todas aquelas mensagens edificantes (só que não), que os gays tem marcha, que tem a marcha da maconha, a marcha das vadias, imagina se nós, que somos os portadores da verdade , também não teríamos o mesmo direito. A questão aqui não é essa, vivemos em um país no qual podemos expressar de forma livre nossas crença, o problema é que isso não leva o Reino coisa nenhuma.
     Dando uma olhada rápida na história das Marchas, descobri que a primeira foi em 1987, em Londres, reunindo 15 mil pessoas. 25 anos depois, apenas em duas capitais brasileiras (Manaus e São Paulo), houveram 1.900.000 milhões de pessoas. Choquei! Um evento que reúne quase 2 milhões de pessoas que dizem estar marchando por Cristo e o Brasil continua desse jeito? Me explica essa pastor de multidões ou cantor que sobe no carro elétrico e fica dando gritinhos. Tem algo muito errado nesse evangelho, discorda?
    Ah, veio algo a mente agora, quando Jesus dava os roles dele pela terra, muita gente colava na dele. Lembro daquele dia que com 5 pães e 2 peixes ele alimentou uma multidão. Deve ter sido surreal. Nesse gesto, Jesus dá um tapa na nossa cara, mas tão bem dado, que ainda dá pra ouvir o estalo dos dedos em encontro com a nossa cara. Ele mostrou o que é o Reino, feito não apenas da mensagem viva e eficaz que dá vida eterna, mas que alimenta a saciedade física e social daqueles que necessitam. E os discípulos, aqueles bananas ainda queriam mandar todo mundo embora, achando que Jesus é apenas um cara que atenta pro lado espiritual das coisas.
    O Reino não é pura e simplesmente um movimento, precisa ser uma genuína mudança de vida. Ninguém aqui garante que todos que foram alimentados por Cristo naquele dia ganharam a salvação, de maneira nenhuma, porém, eles tiveram acesso a integralidade do Evangelho, lhes foi dada a oportunidade de provarem o que é estar submetido ao agir de Deus e o quanto o amor dele contempla todas as esferas da vida.
    Agora me diga uma coisa, você, sinceramente, acha que indo para as ruas basta? Na minha tão simples opinião, Jesus ia estar na marcha gay, na das vadias, não nessa que todo mundo diz conhecê-lo. Jesus foi chamado de beberrão pelos religiosos de sua época (Mateus 11:19), o que nos faz concluir que ele estava com aqueles que necessitavam do seu amor e não para aqueles que diziam conhecer sobre ele.
    Não estou aqui para ser uma xiita do Evangelho, sejam livres todos aqueles que querem fazer Marcha pra Jesus, vai lá e se engane que pra sua cota de bondade do ano isso vai bastar. Vai e acredite que isso vai mudar a sua cidade, que simplesmente proclamar que esse país é de Cristo bastará. Analise, a Marcha está no seu 23º aniversário de existência no Brasil e o quanto melhor o nosso país tem se tornado? O Evangelho está sendo implantado ou simplesmente as igrejas estão ganhando somente mais números nos seus rols (Rol eu tirei do fundo do baú) de membros? Precisamos de muito mais que marchas, muito mais que pseudos conhecedores da verdade, muito mais que pessoas curadas, mais que shows, mais que números, precisamos de ações que mostrem o amor de Cristo e não, não é desse jeito com o qual achamos que estamos avançando, porque no fim, estamos apenas recuando e esquivando-se do nosso papel de igreja.
    O nosso general é Cristo? Mesmo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário