quarta-feira, 10 de abril de 2013

Retratos de uma realidade


Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’. "Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?"  "Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". 
Lucas 10:30-37 


    Estava olhando as fotos de um menino que conheço e analisando um pouco de tudo que ele já deve ter passado, a forma que a vida, o mundo e a família sempre o ignoraram, a forma que a EBD não foi eficiente em mostrar o amor de Cristo pela vida dele, a forma que tudo que havia impregnado nele o fez cair repetidas vezes. O conheci um menino de colo e hoje ele já é maior que eu, já bebeu todas que não bebi, fumou e cheirou as coisas que nunca tive contato. Não vou chamá-lo de vítima da sociedade, isso é tão clichê, ele é vítima dele mesmo, mas enquanto todos nós estivermos apontando o dedo, enquanto os amigos errados entrarem no caminho dele, ele continuará fazendo as escolhas erradas, ele continuará apenas tornando Cristo uma mera lembrança, uma chatice que entra por um ouvido, sai pelo outro e nunca vira semente fértil no coração.
   E eu tenho uma extrema parcela de culpa nessa história, se eu tivesse talvez falado através de ações de amor por ele, se eu tivesse entendido antes que o amor de Cristo vai além daquilo que pregamos como verdade. Eu fui uma das mãos que apontaram a desgraça dele, ao invés, de oferecer as mãos sem esperar nada em troca, da mesma forma que Jesus estendeu suas mãos para a mulher adúltera. Não o amei como a mim mesmo, antes amei a religião que eu batia no peito como sendo a verdade libertadora, quando a verdade não é religião, é simplesmente amor. Se apenas eu tivesse cometido o mesmo ato, mas tanta gente, tanto personagem na história dele, fez o mesmo e no fim, nessa bola de neve que construímos, ele foi mais uma vez ferido, machucado e mais distante do conhecer a graça.
    Hoje ele está cavando cada vez mais buracos em si mesmo, cada dia os dias ficam mais negros. A vontade de morrer dorme do lado dele, todas as noites. Mas ele não vai admitir isso diante daqueles que a vida inteira só lançaram as pedras das suas acusações. Ninguém nunca se dispôs a saber o porquê de todas aquelas atitudes idiotas dele, ninguém nunca foi e perguntou como ele estava. Nós apenas fomos lá e o chamamos de pecador, como se assim também não o fôssemos. Usamos aquela velha desculpa de que ele conhece a verdade, porém, até que ponto ele realmente conheceu a verdade? Até que ponto nós fomos genuínos seguidores de Cristo e assim demonstradores da verdade na vida dele através das nossas? É muito fácil lavar as mãos, o problema é quando o sangue impregna e começa a feder.
     Não estou querendo falar que ele não vai continuar optando pelos caminhos errados, no entanto, é um dever do amor que digo ter, estar perto dele demonstrando que Deus o ama de tal maneira que Jesus veio aqui na terra e morreu pela vida dele, independente dele querer ou não trilhar seu o caminho com Cristo. Quem sabe, ele tem tudo e quer entregar tudo a Jesus, ele admite suas doenças da alma, ele sabe que há um único caminho que o leva a Deus, porém ninguém, que diz estar nesse caminho, foi e estendeu as mãos para ele, apenas isso. O que quem é doente precisa não é de mãos apontando suas doenças, feridas e cicatrizes, sim alguém que vá e com seus braços abrace, que diga que existe um remédio para as feridas adquiridas nos dias e haverá um dia no qual não existirá mais dor.
    Enquanto ninguém se dispuser, haverão doentes morrendo para eternidade e pedras sendo lançadas. A construção do muro da nossa indiferença está sendo acrescido dia após dia, primeiro por nossos julgamentos e depois pela nossa extrema falta de vontade de ir lá (todos os dias) e destruir esse muro. A arma mais potente para dar vida é o amor e a mais potente para trazer a morte é a falta dele.
  Sejamos os bons samaritanos da nossa época e não os fariseus.

Sugiro que leia o post com a música, depois dá uma olhadinha na tradução dela!




I'm so sick- Flyleaf 
Eu estou tão doente, infectada
Aonde vivo
Deixe me viver sem,
Esta felicidade vazia, egoísmo
Eu estou tão doente
Eu estou tão doente



Se você quiser mais disto
Podemos nos jogarmos, nos vendermos, nos extinguir.
Então você se calará.
E continuará dormindo.
Com meu grito arranhando seus ouvidos.

Ouça! Eu estou gritando!
Agora você está prestando atenção
Ouça! Eu estou gritando!
Você treme com este som



Você desvaloriza minhas roupas
Esta invasão me faz sentir
Sem valor, sem esperança, doente

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