quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

(Des)rendido

Talvez toda a resposta das suas entradas se repita repetidamente em saídas. Você entra, mas todos querem e vão sair. Vão sair os sorrisos convidativos, as mãos que acariciam, no final da noite você estará sentado no chão da sua sala chorando as injúrias de mais uma partida sem volta. Quebrarão com tanta força o seu coração, que desde já você o despedaça pelas peças da casa, tão cheia- cheia de seus fantasmas interiores e horrores diários.
Te perguntam quem é seu pior vilão, vem a sua imagem refletida no espelho quebrado, mas isso você não confessa a ninguém, sua gravata está apertada demais para que você saia e grite aos quatro ventos o quão derrotado é. Um derrotado com o sorriso mais vitorioso que eu já conheci.
Fingir que as coisas estão no eixo, no fim, se tornaram suas melhores esfarrapadas desculpas.
E isso vai continuar sendo a realidade dos seus dias, se render é a pior das suas vergonhas. E até o dia que se render não for a sua remissão, você vai continuar a viver essa imundície tão farsada por todos esses sorrisos amarelos que você distribui.
Não adianta nada o carro importado na garagem, todas as mulheres que passam pela sua cama. Não adianta o tanto de álcool que entra por sua boca, nem tampouco, quantas festas vip você foi rei.Isso tudo é muito passageiro, meu caro. Carpe diem e todos os dias o mesmo inferno de ser sozinho, o desejo tão simples de se jogar pela janela.
Seu narcismo não consegue suprir suas faltas, suas decadentes ondas e terremotos de desespero. Ninguém sabe quantos remédios você esconde no seu cofre, nem desconfia, de quantas mágoas ainda nutre do pai ausente, da mãe viciada em si mesma.
No currículo não pedem o peso de cada tristeza que você carrega nos ombros, não se interessam o quanto de sangue você derramou, quantos você matou, quantos destruiu, de quem roubou. Não perguntam os sonhos que teve na infância, do super herói que você acordava todas as manhãs para assistir. Querendo ou não, essa forma que as pessoas vão levando suas vidas, o egoísmo dentro de cada coração que você conheceu, te tornou assim. Os dentes brancos do comercial já não enganam mais.
A solução reside em você e ao mesmo tempo somente você não pode ser a solução.
No seu deserto, que insistentemente você chama de oásis, é necessário que tudo seja transformado. Recomeçar é preciso, porém continuar, só vai terminar com essa doença terminal que é a sua vida.
Recomeçar muitas vezes começa com morte das suas vontades, mas tenha a certeza vai preencher as lacunas inexplicáveis do seu viver e mostrar que o eterno, toda luta nessa vida terrena, vai te fazer entender por quem e quem luta por você.
O começo é rendição. E o final? Não tem final.

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