quarta-feira, 31 de julho de 2013

Queria...

Queria me calar ante a tua miséria corrompida pela tua riqueza.
Queria me calar ante a tua ignorância mesclada por conhecimento.
Queria simplesmente deixar pra lá toda a sujeira que suja teus altares levantados.
Infelizmente eu queria fazer parte dessa massa de manipulação dos teus poderes instaurados, mais uma ovelha para o teu rebanho de ovelhas mudas, sem nome, história, mas com o depósito de todo mês para a tua gorda conta.
Eu queria dizer amém para toda baboseira que você chamasse de verdade.
Eu queria fazer parte do teu batalhão de vitoriosos, ricos, bem-sucedidos...alienados.
Eu não queria ser recalcada com o valor da tua glória, honra e majestade.
Queria provar todos os dias da porção do teu poder.
Mas eu acho que pra mim não há mais jeito, as tuas palavras já não tocam meu coração, nem dos meus olhos saem lágrimas diante os teus discursos tão prontos e automáticos. A tua voz que grita já não entra mais pelos ouvidos, nem tampouco chega e muda uma pequena porção no coração. Já não levanto mais as mãos como antes, não vale a pena profetizar as vitórias dessas vida que um dia logo acaba.
Queria dizer que os incensos queimados na tua casa parecem ter cheiro agradável, mas eu estou me sinto nauseada demais.
A paz que você prega violenta o meu peito.
A graça que você levanta desgraça a minha existência.
O deus que você chama de deus é um personagem limitado a aquilo que você com veemência declara.
Queria ser aquele tipo de pessoa que bajula quem morre aos teus pés.
Queria me assentar nas tuas cadeiras mais altas e nobres.
Queria nadar a favor da correnteza que te segue, que te busca, que investe tempo e dinheiro em ouvir as tuas verdades tão presas a vida que pode ser boa.
Infelizmente, para a tristeza terrena minha, escolhi um caminho que parece desconectado do teu, um caminho que me mata todos os dias, que me chama a negar quem sou, que me diz que em tudo eu devo dar graças. Eu não posso fazer parte da tua história, nem você fazer parte da minha, porque nós estamos desconectados por aquilo que a maioria acha que nos conecta.
Você anuncia um cristo e eu vivo-ou tento, viver a semelhança de outro.
Você é pecador como eu, mas não admite o quanto tá errado, levando pessoas ao erro e menosprezando quem ousou timidamente questionar as tuas inverdades.
Só queria que você soubesse que eu não posso ser o que você quer que eu seja.



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