quarta-feira, 31 de outubro de 2012

95 teses há 495 anos

Não posso dizer que sei exatamente o que Lutero sentiu há 495 anos, com certeza, um misto incrível de ousadia, coração taquicárdico, mãos suadas, um espírito desbravador, um espírito indignado, um ser pensante não conformado. Deve ter sido uma luz, mas da mesma forma, uma espada, ler as escrituras e se deparar diante de uma realidade que não cumpria, e nem tampouco, fazia real tudo que Cristo pregou. Uma realidade suja e nojenta, na qual as pessoas eram induzidas a aceitarem a verdade como um molde pronto, diante da qual todos preferiam se calar, da qual não importa a forma que a mensagem da Cruz fosse anunciada, bastava garantir um lugar no céu. A salvação era negociada e trocada por conta de subterfúgios fáceis, totalmente contra a rota do caminho, porque pelo caminho e pela graça (de graça) há vida eterna.
A Igreja foi responsável pelo sufocamento das ciências, da economia, da cultura, em prol do poder que a ideia do cristianismo causava na vida das pessoas. O cristianismo cada vez mais assumindo caras e trejeitos de um puro antropocentrismo e perdendo o apenas discurso teocêntrico, e a partir desse momento, a criatura buscou a honra do criador, se achando digna de se colocar como única voz de Deus. Aí começou a visão mundial que ela era a única universal detentora do reino de Deus, achando que essa era a vitória em Cristo, julgando que o renascer vinha da boca de seus apóstolos e não da boca e vontade do coração arrependido. Muito mais que uma reforma de pensamento, foi a retomada do que sempre foi verdade, a verdade que liberta, sendo isso mediante só pela graça, só por Cristo, só pela fé, só pela escritura, somente a Deus a glória. Sem nada a mais!
Não posso dizer que sei exatamente o que Lutero sentiu há 495 anos, mas hoje, muito me indigna, muito me entristece o que temos feito como o Cristianismo. Estamos vivendo o mesmo sufocar que tirou o ar de Lutero, porém, temos aceitado isso, porque sair da zona de conforto é "redundantemente" desconfortável demais. Temos aceitado o preço que oferecem pela nossa salvação, pelo nosso pseudo cristianismo, sentados confortavelmente com os pés levantados para cima, escrevendo um texto, achando que isso vai mudar de alguma forma o mundo, meus caros, não vamos mudar nada! Se minimamente a história de Lutero, não o faz parar para pensar, não o inspira a reformar sua vida, ao menos, por favor, não diga que você é um cristão protestante. Se os jargões anti-bíblicos tem entrado na sua vida, se a unção de sei lá o que tem sido a sua meta, se as doutrinas mais diversas possíveis tem te levado a caminhos fáceis demais, se o que você tem vivido não compactua com a bíblia, a reforma foi em vão, desnecessária, indigna de ser comemorada.
Bem, eu a comemoro, louvo a Deus porque no coração de um homem houve uma chama de mudança, ele  poderia não querer a mudança, se calar era mais fácil, no entanto, ele escolheu não se calar (não, eu não disse que ele escolheu esperar)
Não vamos escolher o silêncio, vamos escolher a reforma, todos os dias. A reforma do nosso caráter pelo caráter de Cristo, uma reforma de amor. Talvez é isso que nos falta e pouco nos sobra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário